1 de agosto de 2014

Incerteza na economia argentina preocupa Rio Grande do Sul e Brasil

O país vizinho corre o risco de ver secar ainda mais as fontes de crédito para fazer importações, o que amplia as previsões de compras ainda menores de fábricas do Brasil e do Rio Grande do Sul
 
Mesmo que seja suspensa em breve, a moratória técnica da Argentina inquieta também o lado de cá da fronteira. Principal mercado externo da indústria brasileira, o país terá de, em poucos dias, reverter a imagem combalida pela negociação conturbada. Mesmo que por algumas horas, o país está mergulhado em um calote involuntário por não ter chegado a um acordo com os chamados fundos abutres antes do prazo previsto.
 
Com nota rebaixada por uma das maiores agências de classificação de risco do mundo, a Standard & Poor’s, o país vizinho corre o risco de ver secar ainda mais as fontes de crédito para fazer importações, o que amplia as previsões de compras ainda menores de fábricas do Brasil e do Rio Grande do Sul.
 
– O cenário na Argentina é recessivo. Não vai haver nenhuma possibilidade de que se mantenham os níveis de exportação. Acreditamos nisso mesmo que venha a ocorrer um acordo nos próximos dias. A Argentina tem um longo dever de casa a fazer nos próximos anos – diz Cezar Luiz Müller, coordenador do Conselho de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Concex) da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs).
 
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Entenda a crise na Argentina
 
País vizinho poderá reduzir importações
 
Para especialistas em comércio exterior, uma das formas de a Argentina conseguir aumentar suas reservas, que já são baixas, será limitar as importações. Essa estratégia seria potencializada porque, pela via das exportações, haveria dificuldades maiores, uma vez que os grãos, principal pauta do país vizinho, passam hoje por um momento de baixa no mercado internacional.
 
Para José Botafogo Gonçalves, ex-embaixador na Argentina e vice-presidente emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), será difícil evitar a queda nas exportações.
 
Como a Argentina é o principal cliente de produtos industrializados do Brasil, observa Botafogo, o Palácio do Planalto deveria encontrar alguma fórmula para não deixar que os negócios caiam de forma drástica.
 
– É preciso sentar à mesa para negociar. Algo como pendurar a conta ou fazer as negociações em peso ou real. O Brasil não ganha nada com a Argentina metida nessa crise – avalia Botafogo.
 
Mesmo que o desfecho da situação tenha sido um default parcial, ainda que efêmero, Botafogo avalia que a intransigência da Justiça dos EUA pode até beneficiar a popularidade arranhada da presidente Cristina Kirchner.
 
Para analisar melhor as consequências para o Estado, o Concex se reúne na próxima terça-feira. A orientação da Fiergs para as indústrias, que proporcionalmente exportam mais para a Argentina do que as fábricas dos demais Estados, já era de buscar novos mercados para se proteger da instabilidade do principal parceiro do Mercosul.

Fonte Zero Hora

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