1 de agosto de 2014

Projeto de lei isenta startups de impostos

Projeto de lei que garante isenção tributária astartups nascentes do segmento de tecnologia no Brasil gera polêmica entre representantes do setor. De autoria do senador José Agripino Maia (DEM-RN), a proposta foi aprovada por unanimidade no Senado Federal e segue em tramitação na Câmara dos Deputados. Se por um lado há quem endosse o projeto, classificando-o com um incentivo ao setor, por outro ele é alvo de críticas, já que limita o benefício às empresas que tenham até quatro funcionários e receita bruta trimestral abaixo de R$ 30 mil.
 
De acordo com o texto do PL 321/2012, terão direito à isenção dos tributos municipais, estaduais e federais as novas startups que se encaixem nesses requisitos de quadro de funcionários e renda e também que se dediquem a atividades relacionadas à prestação de serviços e provisão de bens. Entre as atividades citadas pelo projeto, estão serviços de hospedagem e desenvolvimento de sites; criação de softwares; divulgação publicitária na internet e desenvolvimento de hardwares de computadores, tablets, celulares e outros dispositivos de informática.
 
Se a lei for aprovada, a empresa que tiver interesse deverá aderir ao Sistema de Tratamento Especial a Novas Empresas de Tecnologia (SisTenet), no momento de sua inscrição na Receita Federal. O benefício tem prazo de dois anos, e a empresa pode solicitar a renovação por mais dois anos. Ainda segundo a proposta, se a startup passar a ter uma receita bruta trimestral superior a R$ 30 mil, deverá solicitar sua saída do SisTenet para o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional).
 
Incentivo – Na sua justificativa, o autor do projeto afirma que a proposta vai incentivar a criação de novas empresas, uma vez que promove o auxílio nos primeiros quatro anos de existência, que é o período de maior fragilidade do negócio. De acordo com o senador, a medida vai atacar um dos principais problemas que levam os empresários à falência: a alta carga tributária. "Reitero minha certeza de que uma lei nos termos deste projeto trará grandes contribuições à coletividade. Essas empresas darão grande valor à economia", afirma o autor na conclusão de sua justificativa.
 
A elaboração do projeto contou com a ajuda da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), que forneceu informações que auxiliaram na definição de startup. De acordo com o diretor executivo da associação, Guilherme Junqueira, a entidade também levantou mais de 2,5 mil assinaturas de proprietários de startups em apoio ao projeto, o que ajudou a pressionar a votação no Senado.
 
Junqueira explica que a proposta será muito positiva para o setor, uma vez que, diferente de empresas tradicionais, as startups nascem e crescem em um ambiente de completa incerteza. " diferente de uma padaria, por exemplo, em que o empreendedor pode pegar um manual e tem um monte de gente que já fez e deu certo. Startup lida com produtos novos no mercado, e essa incerteza as obrigam a otimizar ainda mais os recursos", destaca.
 
Para o diretor, o custo e a dificuldade para abrir uma empresa no Brasil são algumas das principais barreiras para os pequenos empreendedores. Ele destaca que a emissão do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) demora entre 15 e 20 dias no Brasil, enquanto que em outros países emergentes é possível obter o documento em um dia. "Abrir a empresa e depois mantê-la formalmente, pagando imposto, emitindo nota fiscal e pagando funcionário, exigem custos muitos altos e, por isso, muitos empreendedores optam por ficar na informalidade", avalia.
Junqueira afirma que o projeto tem tudo para incentivar a criação de novas startups, mas ele afirma que o texto precisa de alterações. Entre os problemas identificados está o teto estabelecido para a renda bruta, que ele acha baixo, e a definição de startups, que precisa ser melhorada a fim de evitar a entrada de outras empresas que não são do setor.
 
Diário do Comércio

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