13 de janeiro de 2015

Consumidores pagam maior juro desde 2012

Taxa média cobrada no cartão de crédito chegou a 11,22% ao mês, o equivalente a 258,26% ao ano, afirma a Anefac

O brasileiro pagou mais caro para tomar crédito em dezembro. Em seis linhas de financiamentos aos consumidores pesquisadas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), entre elas cartão de crédito, cheque especial, juros do comércio, empréstimo pessoal em bancos e financeiras e crédito para a compra de veículos, todas apresentaram alta de juros. A taxa média dessas operações subiu de 6,14% ao mês em novembro para 6,30% em dezembro. Anualizado, o juro pago pelo consumidor chega a 108,16%. Tanto a taxa mensal quanto a anualizada estão no maior patamar desde março de 2012.
A maior taxa continua sendo a do cartão de crédito, que subiu de 10,90% para 11,22% ao mês (258,26% ao ano). Em seguida, ficou o cheque especial, cuja taxa saltou de 8,56% para 8,92% (178,80% ao ano). O juro do empréstimo pessoal em financeiras subiu de 7,30% para 7,34% (133,96%). Nos bancos, o juro cobrado no empréstimo pessoal subiu de 3,51% para 3,61% (53,05%). O Crédito Direto ao Consumidor (CDC) para a compra do automóvel zero teve a taxa elevada de 1,82% para 1,84% (24,46%). No comércio, a taxa cobrada de quem faz crediário subiu de 4,75% para 4,85% (76,53% ao ano).
Este ano, o cenário traçado por especialistas é que o crédito fique mais escasso e mais caro. Na avaliação de Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac, a elevação da taxa básica de juros (Selic) se reflete nos juros cobrados do consumidor. E há previsões de novas altas este ano, com a Selic podendo fechar o ano em 12,5%.
Considerando todas as elevações promovidas pelo Banco Central desde abril de 2013, a Selic passou de 7,25% ao ano para os atuais 11,75%, uma alta de 4,5 pontos percentuais. No mesmo período, a taxa de juros média para pessoa física nas linhas de crédito apresentou uma elevação de 20,19 pontos percentuais passando de 87,97% ao ano para os atuais 108,16%.
Para Miguel Ribeiro de Oliveira, o atual cenário econômico, com baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), inflação em alta e elevado endividamento das famílias aumenta o risco do crescimento da inadimplência. Com isso, os bancos acabam elevando os juros para se prevenir.
“A inflação elevada e os juros maiores reduzem a renda das famílias. Além disso, há o baixo crescimento econômico do País, que deve provocar alta do desemprego. E as expectativas para 2015 continuam negativas, levando as instituições financeiras a aumentarem suas taxas de juros”, diz Ribeiro de Oliveira. Com previsão de novas altas da Selic, a expectativa é que os juros para os consumidores continuem subindo nos próximos meses.
As taxas de juros cobradas no cartão de crédito, por exemplo,  atingiram o maior patamar em mais de 15 anos, de acordo com dados da Anefac. Somente em novembro, o juro médio foi de 10,90% ao mês (246,08% ao ano).
Parte do aumento é explicado pela retomada do ciclo de aumento da taxa básica Selic, iniciada na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Compom) de outubro do ano passado.
“Outro fator é o atual cenário econômico, que sofre as consequências causadas pelas altas inflacionárias e aplicação de juros maiores, e implicam diretamente na redução da renda familiar e no aumento da inadimplência. Com cenário de instabilidade, o mercado sofre retração e apresenta consequências, como desemprego, auxiliando o desaquecimento da economia”, diz a Anefac em nota.
Por isso, todas as seis linhas de crédito pesquisadas pela associação registraram alta no último mês do ano passado.

Cheque especial sobe para 10,37%
Outra pesquisa realizada pelo Procon do estado de São Paulo, em sete bancos, aponta que a taxa média do cheque especial subiu para 10,37% ao mês em janeiro, alta de 0,22 ponto percentual, ante dezembro de 2014 e de 1,89 pontos no comparação com janeiro de 2013. Já a taxa de juros média de empréstimo pessoal nesses bancos se manteve em 5,85%, assim como em dezembro, mas teve alta de 0,45 pontos em relação a janeiro do ano passado.
Dos sete bancos pesquisados, cinco aumentaram a taxa de cheque especial ante dezembro. A maior alta (8,68%) foi verificada na Caixa Econômica (de 7,03% para 7,64% a.m.). Em seguida aparecem Bradesco, com aumento de 6,55% (de 9,77% para 10,41%), Banco do Brasil, com alta de 1,67% (de 8,97% para 9,12%); HSBC, com acréscimo de 0,65% (de 12,29% para 12,37%) e Itaú, com alta de 0,57% (10,50% para 10,56%). Safra (9,5%) e Santander (12,99%) mantiveram suas taxas.
Já para empréstimo pessoal, apenas um banco elevou sua taxa de juros em janeiro ante dezembro: Bradesco, que alterou de 6,45% para 6,49% a.m. (alta de 0,62%). Os demais bancos mantiveram as mesmas taxas praticadas. A maior delas continua a ser a do Santander, que continuou em 7,49%, seguido por HSBC (6,39%), Itaú (6,22%), Safra (5,40%), Banco do Brasil (5,07%) e Caixa Econômica Federal, que teve a menor taxa entre os bancos pesquisados em janeiro: 3,91%.
Focus projeta uma nova alta para a Selic
Analistas do mercado financeiro que participam do Relatório Focus acreditam que a taxa básica de juros, Selic, subirá 0,50 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para terça e quarta-feira da semana que vem. Atualmente, a Selic está em 11,75% ao ano. Ao longo de 2015, as expectativas de economistas que participam da pesquisa Focus indicam que a taxa básica de juros, a Selic, registrará um aumento de 0,75 ponto percentual neste ano e que caia mais um pouco até o fim do ano que vem.
De acordo com o Relatório de Mercado, a mediana das previsões para a taxa básica de juros no período seguiu em 12,50% ao ano pela quinta semana consecutiva. Já a Selic média de 2015 permaneceu em 12,47% ao ano pela quarta vez seguida, valor bem próximo da taxa efetiva esperada para o fim deste ano. Para o encerramento de 2016, a mediana das projeções foi mantida em 11,50% de uma semana para outra – quatro semanas atrás estava em 11,25% ao ano. A Selic média no ano que vem passou de 11,69% para 11,70% – um mês atrás estava em 1,67%.
Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para a Selic no fim de 2015 subiu de 12,50% ao ano para 12,75%. Para o encerramento de 2016, esse grupo projeta uma taxa de 11,75%.
Um dos indicadores mais acompanhados, atualmente, pelo mercado financeiro, o dólar deve encerrar o ano de 2015 cotado a R$ 2,80, de acordo com o Relatório de Mercado Focus. Na pesquisa da semana anterior, a projeção também era de R$ 2,80 e, quatro semanas antes, de R$ 2,72.
Já para 2016, a mediana das estimativas do mercado aponta para uma cotação de R$ 2,83, maior do que a de R$ 2,80, vista na semana passada – um mês antes, estava em R$ 2,75. Para este ano, o câmbio médio passou de R$ 2,71 para R$ 2,72 (estava em R$ 2,65 há quatro semanas), enquanto para 2016, essa mesma variável subiu de R$ 2,74 para R$ 2,75 ante R$ 2,70 de um mês atrás.
Fonte: Jornal do Comércio

 

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