24 de junho de 2015

Tecnologia Obsoleta: um dos maiores desafios da Contabilidade no Brasil

Todas as organizações contábeis no Brasil passam por um processo de transformação que começou há décadas, e cujo ponto máximo se dá nos dias atuais. Alguns fatos explicam este momento:  crescimento da carga e da complexidade tributária,  implantação de tecnologias fiscais, aumento da quantidade de empreendedores e amadurecimento gerencial de parte destes empresários.
A conjunção destes fatores leva o escritório contábil a uma busca por eficiência operacional e, simultaneamente, por diferenciação em seus serviços. Isto para aumentar receitas e reduzir custos e riscos.
Ano passado realizei um levantamento junto a 388 escritórios de todo país, em que foram detectados pontos importantes. Sessenta e quatro por cento das organizações contábeis percebem como uma grande dificuldade o recebimento de informações dos clientes com qualidade e prazo.  Cerca de 40% informaram que seus principais gargalos são: baixo crescimento de receitas, contratação, capacitação e controle da produtividade de RH. Aproximadamente um terço apontou como desafios importantes: atualização legal, cumprimento de obrigações acessórias e entendimento da legislação.
Enfim, o principal desafio apontado reflete o contexto de uso de um modelo tecnológico obsoleto,  em digitação de dados, bem como a falta de cultura de marketing de serviços, em especial no fundamento de relacionamento com clientes para aproximação e melhoria do atendimento. Reforçando todo este quadro há ainda uma baixa utilização de portais de serviços e atendimento (apenas 19% têm esse tipo de sistema).
Quase 70% declararam que um de seus grandes diferenciais é o cumprimento rigoroso das obrigações acessórias, ao passo que 63% consideram o cálculo correto dos tributos um fator de diferenciação relevante.
Entretanto, apenas 56% acreditam que a excelência no atendimento represente um importante aspecto de diferenciação. Além disso, serviços personalizados e variados, e atuação especializada no mercado de clientes foram apontados como diferenciais por, respectivamente, 33%, 26% e 17% das organizações contábeis.
Constatamos também que apenas 1 em cada 5 escritórios contábeis pratica os conceitos básicos de gestão estratégica na administração de seus negócios.
Isso reflete a crença de que o cálculo correto de tributos e o cumprimento de obrigações acessórias sejam fatores de diferenciação dos serviços. Ou seja, reforçam o contexto comoditizado do mercado em que a boa parte dele compete por preço.
Ora, se há pressão por redução de custos e riscos, as organizações contábeis precisam entender que capital intelectual é formado por profissionais qualificados (em questões técnicas, gerenciais e atendimento a clientes), metodologias (gestão, processos) e tecnologias (operacionais, gerenciais e de comunicação com clientes). O conhecimento técnico é fundamental, mas sozinho não traz prosperidade à empresa. Em outras palavras: sem investimentos em tecnologia e gestão é impossível reduzir custos e riscos. Analisando o lado da receita, quanto mais “igual” for um serviço menos ele vale. Diferenciação da oferta e do atendimento é o que faz um comprador pagar mais ao prestador de serviços.
Todo este cenário evidencia dificuldades na transformação de um perfil exclusivamente técnico do profissional da contabilidade para um mais empreendedor. Contudo, está claro tratar-se de um processo já em andamento e que a sustentabilidade dos negócios contábeis depende desta transição.
Por fim, os empreendedores que utilizam as ferramentas de gestão estratégica, aliadas à inovação em processos, atendimento e serviços já estabelecem um novo patamar de organização contábil, mais competitiva e bem preparada para superar desafios e aproveitar oportunidades.
Fonte: Roberto Dias Duarte para Nibo
 

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