14 de setembro de 2015

Inadimplência das empresas cresce quase 13%

Alta do dólar, elevação dos juros e queda na produção e nas vendas impactam diretamente no caixa das companhias
A inadimplência das empresas só tem crescido neste ano e começou o segundo semestre em alta. Os principais motivos que estão comprometendo o orçamento das empresas são a recessão econômica com queda na produção e nas vendas, o que contribuiu para diminuir a geração de caixa das companhias. Além disso, o aumento de custos com a alta do dólar e a elevação dos juros também têm prejudicado a saúde financeira das empresas.
O gerente financeiro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Flávio Borges, disse que a inadimplência dos consumidores também traz consequências negativas para as empresas. "É o fim de um ciclo de expansão do crédito também para as empresas. O crédito está mais escasso e os juros mais altos", disse.
Segundo ele, as empresas estão enfrentando problemas para conseguir crédito. "Os bancos até têm dinheiro, mas não o apetite para emprestar e correr risco", disse.
A previsão dele é que a inadimplência continue a crescer até o final do ano. O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, também prevê que o indicador mantenha o crescimento porque nem a recessão nem o custo financeiro devem diminuir até o final do ano.
A inadimplência já iniciou o segundo semestre em alta de 6,6% em julho na comparação com junho, de acordo com o Indicador Serasa Experian, que leva em conta o número de dívidas vencidas e não pagas pelas empresas. Na comparação de julho com o mesmo mês do ano anterior, houve alta de 12,6%. No acumulado de janeiro a julho, o índice teve elevação de 12,9%. Este é o maior percentual nesta comparação desde 2012, quando foi observado aumento de 15,2%. Rabi lembrou que a inadimplência apresentou aumento neste ano nos meses de janeiro, março, maio, junho e julho.
Os títulos protestados foram os que mais pesaram para a alta do índice no mês, com crescimento de 14,2%. As dívidas não bancárias (com cartões de crédito, financeiras e até serviços de telefonia, água e energia elétrica) tiveram crescimento de 4,2% e os cheques 11,9%. Já a inadimplência com os bancos teve queda de -1,9%.
Rabi disse que, apesar do forte aumento em água e energia, as empresas tentam ficar em dia com estas faturas mas, para isso, deixam de pagar outras contas. Ele explicou que a inadimplência com bancos caiu porque as penalidades para os devedores são grandes, com a cobrança de juros muito altos. "Se a empresa tiver que dar calote, primeiro vai fazer isso com dívidas não bancárias e não com bancos onde terá um transtorno maior", disse.
De janeiro a julho, os títulos protestados tiveram crescimento de 18,9% e estão muito relacionados com o não pagamento de fornecedores. Nas dívidas não bancárias, houve crescimento de 22,1% e a inadimplência com bancos cresceu 1,1% e com cheques registrou queda de 0,3%.
O valor médio dos títulos protestados cresceu 14,1% de janeiro a julho. O valor médio dos cheques sem fundos e das dívidas não bancárias também apresentou alta de 8,5% e 0,5%, respectivamente. Já o valor médio da inadimplência com os bancos registrou queda de 17,6%. O valor médio das dívidas das empresas nos cinco primeiros meses do ano variou de R$ 860,84 (dívidas não bancárias) a R$ 4.105,50 (dívidas com bancos). Rabi disse que geralmente, as dívidas com bancos são de valores maiores.
Um outro levantamento da Serasa também apontou que havia 3,9 milhões de empresas inadimplentes no Brasil ao final de junho de um total de 7,9 milhões. Isso quer dizer que quase 50% das empresas estavam com dívidas em atraso ao final do primeiro semestre. Dos 3,9 milhões, o Sudeste tinha 51% de participação, o Sul 17%, o Nordeste 17,5%, o Norte 5,8% e o Centro-Oeste 8,4%.
Folha Web / Andréa Bertoldi
 

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