18 de setembro de 2015

40% dos brasileiros vivem fora do seu padrão de vida

Quatro em cada dez internautas brasileiros estão vivendo fora do padrão de vida adequado à sua realidade financeira, segundo pesquisa da SPC Brasil. Para fazer esta contagem, o estudo levou em consideração entrevistados que nos últimos seis meses fecharam suas contas sem sobra dinheiro ou que simplesmente não conseguiram fechar as contas no final do mês. Dentre estes últimos, a pesquisa excluiu casos de perda de emprego, problemas de saúde ou falecimento na família.
Na pesquisa, 92% das pessoas responderam que está mais difícil elevar o padrão de vida atualmente, principalmente por causa dos preços mais altos e da renda que não acompanha a inflação. Mesmo assim, a metade dos entrevistados afirma ter mantido o padrão de vida mesmo enfrentando dificuldades financeiras ou se endividando. Apenas 39% reduziram gastos para manter as contas em dia.
Desta maneira, apenas 9% disseram ter conseguido poupar alguma quantia no mês de junho, enquanto 40% afirmaram não ter tido sobra de dinheiro no mesmo mês. Outros 32% não conseguiram pagar todas as suas contas e ainda ficaram devendo.
De acordo com o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, o principal motivo para os internautas estarem vivendo fora do padrão de vida adequado está relacionado ao hábito. "57% afirmaram que melhoraram de vida ao longo dos anos e, nesse momento de mais insegurança, desemprego, arrocho salarial, conseguir mudar o hábito de consumo que adquiriram fica difícil."
Este também é o principal motivo citado por Márcio Massaro, economista e professor da Faculdade Paranaense (Faccar), de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina). Depois da crise de 2008 e o incentivo do governo para o consumo no mercado interno, os brasileiros adquiriram um padrão de consumo elevado e hoje sentem dificuldade de abandoná-lo. "Agora as famílias estão endividadas e a capacidade de endividamento é zero."
Hoje, 39% dos brasileiros já se encontram inadimplentes, Flávio Borges. Para sair desta situação, os consumidores devem ter consciência das consequências do consumo não planejado e redobrar o controle sobre as finanças. "Muita gente não tem controle de quanto ganha, quanto gasta, quais são suas necessidades básicas. A partir daí, é preciso priorizar." Ele lembra que muitos dos itens que, conforme a pesquisa, são os principais responsáveis por exceder os limites do orçamento, são supérfluos. "São itens cujo consumo poderia ser adiado."
Mesmo no supermercado – considerado na pesquisa o maior responsável pelo descontrole financeiro -, é importante ter controle dos gastos. "O supermercado não é só um lugar onde se compra apenas itens básicos." Nas idas ao supermercado, o consumidor deve primeiro se ater aos itens da lista, afirma Márcio Massaro. "Mas não é preciso se punir. Aquela compra ‘porque eu mereço’ não é de todo ruim, desde que não extrapole a renda." Para os itens da lista, deve-se ainda buscar por produtos mais em conta.
Sem empréstimos
Na visão de Massaro, a principal orientação para quem excedeu nos gastos é não consumir "com dinheiro que não está no bolso". Ou seja, empréstimos, cartão de crédito, cheque especial estão fora de cogitação. "Qualquer consumo que for feito com dinheiro que não está no bolso é problema. Grande parte de nosso consumo é desejo, não necessidade. Uma dica é consumir da renda que se tem e procurar satisfazer o que é necessidade. Parar para pensar se pode e se precisa neste momento."
Folha de Londrina

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